A mudança de papel de um Vaidya (médico tradicional não-codificado) nos cuidados com a saúde em Kerala, sul da Índia: comparação dos comportamentos de procura/tratamento entre os pacientes do Vaidya e os membros da comunidade

Tradução deste artigo:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4702384/

Background

 Este estudo focou na exploração dos papéis de um Vaidya  (médico tradicional não-codificado)  em uma comunidade no estado de Kerala, Índia.  Atenção especial foi dada as características dos pacientes do Vaidya em comparação com o comportamento da procura/tratamento dos membros da comunidade.

 Métodos 

Dados tanto qualitativos quanto quantitativos sobre o Vaidya, 97 dos seus pacientes, e 31 membros da comunidade foram reunidos através de um campo de trabalho participativo e entrevistas de duração indeterminada.  

Resultados 

Foi descoberto que os membros da comunidade raramente consultavam o Vaidya que vivia em suas comunidade,  consequentemente, o papel do Vaidya como provedor primário de cuidado com a saúde da comunidade quase tinha desaparecido. Apesar de tudo, O Vaidya  era profundamente respeitado como um dos líderes da comunidade por seus membros por causa do suporte espiritual e financeiro que ele provia a eles.  Por outro lado, um número de pacientes de fora da vila visitava o Vaidya,  o que indicava que ele tinha um novo papel sob as mudanças causadas pelo pluralismo médico.  Até mesmo uma medicina tradicional codificada, a Ayurveda, era menos popular entre os membros da comunidade. Essas descobertas eram interessantes, porque enquanto o sistema médico tradicional da Índia tem se tornado popular e comum entre outras sociedades, tais como sociedades europeias, como uma medicina alternativa, o sistema médico tradicional estava se tornando menos importante no contexto rural dos indianos.

Conclusão 

Foi concluído que a prática médica tem mudado dependendo dos contextos culturais e sociais, até mesmo os efeitos medicinais tem sido provado por pesquisa científica. 

Foi convencionalmente reconhecido que a maioria das pessoas ainda usava o sistema médico tradicional, tal como Ayurveda, para tratamento primário na Índia rural independentemente da biomedicina ocidental ter se espalhado,  chamada alopatia.  Na realidade, o governo indiano tem reconhecido o valor dos sistemas de medicina tradicional,  como Ayurveda, ioga, e homeopatia do local que se originou na Europa mas que difere da biomedicina, e tem feito esforços para integra-las na educação oficial do sistema  médico moderno até um certo ponto. Este pluralismo médico do sistema de saúde da comunidade tem sido objeto de importante estudo para os  pesquisadores procurando entender o comportamento de procura/tratamento e propor uma política  apropriada de Saúde.

Enquanto a Ayurveda, Siddha, Unani, homeopatia e alopatia tem todos sido registrados como sistemas médicos “codificados”, existem também os sistemas médicos “não-codificados”. No sul da Índia, praticantes do sistema médico não-codificado, chamados de Vaidyas, tem sido reconhecido como tendo um papel principal na saúde da comunidade nas vilas rurais. No entanto, estudos recentes reportaram que os papéis dos Vaidyas estavam diminuindo porque os sistemas médicos codificados estão disponíveis em muitas vilas rurais, pessoas rurais preferiam usar a alopatia a um Vaidya e pessoas jovens não estão interessadas em aprender os sistemas médicos “não-codificados”, portanto haviam menos Vaidyas jovens.  Estes estudos prévios sugeriam um conflito porque os dois tipos diferentes de sistemas médicos tradicionais, que é codificado e não-codificado,  mostravam padrões opostos;  enquanto as pessoas ainda gostavam de usar o sistema médico tradicional codificado, haveria menos probabilidade deles usarem um sistema não-codificado.  Enquanto os estudos prévios tem sido conduzido de uma descrição do ponto de vista antropológico médico ou estudos da saúde pública tem sido baseada em dados administrativos a um nível macro,  nenhum estudo tem revelado os papéis atuais dos Vaidyas no que diz respeito a estas mudanças sociais e médicas usando métodos qualitativos a nível de comunidade.

Este estudo no entanto foca em explorar o papel do Vaidya –  médico tradicional não-codificado –  em uma comunidade no estado de Kerala,  Índia.  Atenção especial foi dada as características dos pacientes dos Vaidyas em comparação ao comportamento de procura/tratamento dos membros das comunidades.  As descobertas serão úteis para construir um sistema médico de Saúde apropriado nas comunidades pluralistas médicas da Índia.

Local de estudo

Kerala é localizado na parte sudoeste da Índia cobrindo a Costa Malabar e é um pequeno estado com área de 38.863 quilômetro quadrado (apenas 1.18 %  da área total do país).  Geograficamente falando, o estado pode ser dividido em  Área com Colina, área com Semi-colinas e  Áreas planas com diversos tipos de vegetações ao longo da linha dos gates ocidentais.  Historicamente falando, Kerala tem sido um  exportador de temperos famoso  desde 3000  A.C.,  então não apenas  hinduísmo se desenvolveu nessa região;  comerciantes  muçulmanos e  cristãos europeus influenciaram continuamente está área.  Consequentemente, embora o hinduísmo é praticado pela maioria da população (56%), muçulmanos e cristãos constituem 24% e 19%,  respectivamente.

Kerala  tem um índice de desenvolvimento humano mais alto do país, 0.790 (relatório de desenvolvimento humano 2011),  apesar da renda per capita do estado (80.924 rúpias indianas) ser mais baixa  que a média dos países em desenvolvimento.  Está experiência de desenvolvimento humano tem sido chamada de “Modelo Kerala” no Relatório de Desenvolvimento Humano autorizado pelo  Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.  Neste modelo, um alto número de pessoas altamente educadas e com expectativa de vida prolongada tem sido notada. No entanto, na realidade, o nível de desemprego estava alto devido ao lento desenvolvimento industrial,  independente do alto nível de educação. Um rápido aumento na idade média da sociedade também foi reconhecido como um novo problema.

Este estudo foi conduzido em uma vila costal no distrito de Eranakulam, Kerala.  A vila é localizada a aproximadamente a 30 km da cidade de Cochim, O maior centro comercial, então a vida tem sido reconhecida como suburbana e suscetível a vários tipos de modernização. Aproximadamente, metade das pessoas que moram na vila estão engajadas ou  na atividade de pesca ou  processamento da indústria de pesca. Muitos desses moradores da vila eram tão pobres que eles recebiam assistência na forma de comidas básicas (por exemplo, arroz, açúcar e vegetais) do governo local, as mulheres recebiam assistência de trabalho sendo engajadas em trabalho governamental para satisfazer as necessidades de renda mínimas necessárias.  A proporção das pessoas nas castas mais baixas (15.9%) eram mais altas na vila do que a média  outras partes do distrito (8%).  Além dos lindos templos, haviam igrejas cristãs e mesquitas,  mostrando diversidade religiosa.

Havia um centro oficial de saúde da comunidade, um hospital de alopatia privado, um número de farmácias alopáticas, uma clínica homeopática, farmácias  homeopáticas, farmácias ayurvédicas, e um Vaidya na vila.

Campo de pesquisa

O campo de pesquisa foi conduzido por um total de 90 dias em 2012 e 2013. O autor ficou na Índia por um total de 154 dias, de 12 de agosto a 14 de outubro de 2012, de 14 de janeiro a 5 de março de 2013  e de 24 de agosto a 4 de outubro de 2013, para conduzir este estudo. O Vaidya e os outros participantes concordaram em participar do estudo depois deles terem sido informados sobre a natureza do mesmo, no que implicaria a participação deles, e o direito de eles se retirarem durante qualquer fase da pesquisa sem ter que dar razões para isso. A política de privacidade também foi explicado os participantes, que ordenaram que toda informação pessoal coletada nesta pesquisa deveria ser mantida anônima e que os resultados deveriam ser publicados em jornais acadêmicos ou apresentados em reuniões. Na sequência, total consentimento oral foi obtido de todos os participantes antes de proceder com este estudo.  Este estudo foi aprovado pela Kyoto University Graduate School e pela faculdade do comitê ético de medicina no dia 7 de agosto de 2013 (número de aprovação: E1824) 

Observação e entrevista com o Vaidya

O Vaidya na vila estudada foi escolhido como informante principal por causa das três razões seguintes. Primeiro, a vila estudada, onde vários tipos de sistemas médicos existiam, representava uma sociedade médica pluralista e o Vaidya  era o único profissional não-codificado.  Segundo, a vila estudada era economicamente  pobre mas estava geograficamente perto de um centro comercial, mostrando uma representação da situação atual daquelas vilas indianas que estavam experienciando rápidas mudanças sócio-econômicas.  Portanto, o Vaidya  representava a situação dos médicos não-codificados de hoje.  Terceiro, na pré pesquisa do autor, foi confirmado que um alto número de pacientes (aproximadamente 5 – 10 por dia) visitava o Vaidya,  indicando a confiança deles em sua habilidade. 

 Dados qualitativos e quantitativos foram reunidos  através do trabalho de campo participativo e entrevistas de duração de tempo indeterminado  de 15 de setembro às 5 de outubro de 2012. Observação participativa em uma entrevista com o Vaidya conduzida em seu lugar de prática, chamado  “ashram”;  observe que o termo ashram originalmente se referia a um convento hindu.  Durante a pesquisa, o autor, que foi educado com um farmacêutico no Japão,  foi colocado principalmente na sessão de farmácia na clínica do Vaidya e observou de perto as prescrições,  lidando, e distribuindo os remédios através de observação participativa.  Durante este período, o autor entrevistou informalmente o Vaidya sobre vários itens, tais como, a história de vida dele, filosofia de tratamento, crença religiosa, e tratamento usando remédio manufaturados comercialmente.  O Vaidya não hesitou em responder qualquer pergunta e desejou estar aberto sobre suas práticas médicas e formulações (ex.  receitas de remédio) ao  público, insistindo que a eficácia de seus remédios deveria contribuir com outros. 

 Entrevista com os pacientes do Vaidya

Para entender as características dos pacientes, o próprio autor conduziu entrevistas pessoalmente com questionários estruturados na clínica, enquanto os pacientes estavam esperando pelos remédios, de 1 – 28 de fevereiro de 2013.  Os pacientes, 97 (64 homens; 33 mulheres), que visitaram o Vaidya durante o Período da pesquisa concordaram em participar.  Desde que todos os pacientes , exceto um deles, veio de várias áreas que não era de Kerala e tinham educação suficiente para falar inglês – uma das as línguas oficiais da Índia – o inglês foi usado para entrevistá-los.  A língua local, Malayalam,  foi usada para entrevistar o único paciente local. 

O questionário incluía os seguintes itens: 1) dado social demográfico (nome, sexo, idade, ocupação, crença religiosa, local de residência), 2) razão para escolher o Vaidya para o tratamento e 3) sintomas e reclamações atuais, tratamentos prévios, e histórico médico. No caso em que os sintomas dos participantes eram muito severos para responder todas as questões, pedia-se a um membro acompanhante da família para respondê-las.

 Baseado no que os pacientes contavam e no diagnóstico do Vaidya, o autor, que era farmacêutico bem treinado em fornecer cuidados em países desenvolvidos,  classificou os sintomas dos pacientes dentro da classificação Internacional das doenças-10 (CID-10) categorias para conveniência analítica. O nível de seriedade, Também foi classificado nas categorias de severa, moderada, e leve; esta classificação foi feita baseada nos tipos de doença, influência na vida diária,  prognóstico estimado de vida.

Entrevista dos membros da comunidade

Para entender o comportamento de procura/tratamento dos membros da comunidade em comparação ao dos pacientes do Vaidya,  foram feitas entrevistas cara a cara, com questionários estruturados na vila pelo autor,  principalmente na língua local de Malayalam,  através de visitas nas casas dos entrevistados de 24 de agosto a 3 de outubro de 2013. E em alguns casos, termos em inglês foram usados para descrever os nomes das doenças e sintomas. Os membros da comunidade, 31 (22 homens e 9 mulheres), que tem histórias médicas recente de doenças (reagam em Malayalam)  que vivem dentro de 1 km e meio da clínica do Vaidya em Kerala foram selecionados como segue. O autor perguntou a duas enfermeiras da saúde pública sobre os membros da comunidade que tem ou tiveram reagam e visitaram a maior parte das famílias (exceto aquelas que estavam ausentes) na área para encontrar informantes em potencial  que se encaixava no critério. O conceito de reagam inclui o estado não saudável tanto mental quanto físico, mas exclui feridas externas. Os 31 membros da comunidade foram selecionados e concordaram em participar na pesquisa.  A população da vila era de 35.906. Embora  nenhum dado demográfico detalhado estava disponível, o lugar de estudo (por exemplo, num raio de a 1.5km do Vaidya)  cobriu aproximadamente 5% da população da vila.

Foi perguntado os entrevistados 1) dados sociais demográficos (nome, sexo, idade, educação, religião, ocupação do principal membro da família e posição social econômica) e 2) reclamações atuais, tratamentos prévios e histórico médico.  Dimensionamento pessoal da satisfação econômica e qualidade de vida também foi questionado e publicado em outro lugar.  As entrevistas foram estendidas como discussões abertas para estudo da crença médica, a fé, e a preferência de se viver em sociedade.

Características do Vaidya, profissional médico tradicional 

O Vaidya escolhido nesse estudo tinha 50 anos de idade (nascido em 1964) e foi nascido na vila em estudo.  Ele dirigia a clínica com sua mãe, irmã mais velha e seis assistentes.  Ele não vinha de uma linhagem de família de médicos, mas de uma família Hindu. Antes de seus 20 anos idade, ele começou a praticar ioga, e se despertou para a forma espiritual de vida.  Depois disso, ele seguiu vários mestres/Santos (guru) para aprender Ayurveda, Siddha, artes marciais tradicionais (kalarippayattu) dentro e fora de Kerala  e também às vezes viveu com uma minoria de pessoas étnicas nos Gates Ocidentais da área montanhosa  para aprender o sistema médico nativo. Ele retornou para sua vila nativa e abriu uma clínica em 2000 depois dele ter sido reconhecido como um Swami – um sacerdote Hindu – devido a sua experiência.  Consequentemente, a clínica dele também foi chamada de ashram – o nome para um eremitério Hindu onde uma pessoal sagrada Hindu vive.

Em resposta às questões abertas, o Vaidya insistiu que ele tinha originalmente integrado diversos sistemas médicos em um sistema.  O sistema que ele fornecia era baseado principalmente na teoria Ayurvédica,  enquanto ele também aplicava um número de sistemas médicos que ele também aprendeu.  Ele preparava mais de 50 tipos de remédios com ervas  medicinais na clínica.  Metade deles eram preparados com plantas medicinais frescas ou secas ou substâncias animais que ele comprava nos mercados nas áreas urbanas; o restante eram produtos de companias farmacêuticas Ayurvédica/Siddha. As plantas medicinais eram coletadas ou plantadas principalmente na área semi montanhosa e vendidas no mercado das cidades.

Ele não fixou o dia de consulta e usualmente ele internou de um a três pacientes enquanto examinou de 5 a 10 pacientes por dia.  Embora ele não requeria pagamento pela suas práticas médicas, exceto pelos remédios que eram providos, doações livres eram moderadamente encorajadas.  O custo dos remédios variavam de 700 a 5000 rúpias indianas, no entanto isto dependia do tipo de doença e do período de medicação.  O custo do remédio  era reconhecido como muito caro. O Vaidya, porém, afirmava que ele não requeria nenhum tipo de pagamento daqueles que não tinham condições de pagar os custos e sofriam das doenças.  No entanto, não houve nenhum paciente que pedisse ao Vaidya isenção de pagamento durante este período de estudo.  É significante citar que durante a observação participativa do autor, o Vaidya fez grandes contribuições financeiras à comunidade da vila (por exemplo, doação para cerimônia da vila para o setor público). 

 Características e sintomas dos pacientes do Vaidya

Durante o período de estudo, 97 pacientes visitaram e receberam tratamento do Vaidya; entre eles, 66% (64) e  34% (33) eram homens e mulheres, respectivamente, e a idade média era de 41.4 anos.  Os pacientes eram caracterizadas pela proporção de homens (67% versus 47.97% no estado), de Hindus (37. 3% versus 56. 2% do estado),  de visitantes de fora da vila (99%),   Pessoas que falava inglês (99%) e de ocupações profissionais (36%).  Em termos de gênero masculino e feminino, é significante citar que 66.6% (50 pacientes) de Hindus (75),   81. 8% (9) de muçulmanos (11) e  54.5% (6) de cristãos (11)  eram homens. É provável que algumas mulheres muçulmanas e hindus estavam hesitantes em consultar o Vaidya,  que é homem.  É aparente que o Vaidya é preferido por homens mulçumanos  e muitos homens Hindus,  mas não por cristãos devido as suas crenças religiosas.  Inesperadamente, havia apenas um paciente da mesma vila do Vaidya.

Discussão

Estudos prévios reportaram as conclusões contraditórias que o sistema médico tradicional codificado ainda era muito comum no cuidado da saúde da comunidade enquanto que os não-codificados estavam correndo risco de desaparecer.  A este respeito, este estudo  descobriu que os membros da comunidade raramente consultavam o Vaidya que morava na comunidade;  consequentemente, o papel do Vaidya como provedor primário de cuidados com a saúde  da comunidade quase desapareceu. Por outro lado, interessantemente um número de pacientes visitava o mesmo de fora da vila, o que mostrava que o Vaidya tinha um novo papel no pluralismo médico resultante destas mudanças. Por favor, observe que algumas limitações existem neste estudo. Primeiro, desde que a população da vila é de 35.906 (2013),  a área estudada na vila tinha que ficar em torno da clínica do Vaidya. Isto potencialmente limita a extensão dos resultados de outras áreas da Índia. Segundo, porque apenas membros da comunidade que obedeciam a um critério e concordaram com estudo participavam voluntariamente, o número de participantes é limitado,  causando uma seleção tendenciosa. Terceiro, não houve uma pesquisa com as pessoas vivendo na área urbana para comparar com os membros da comunidade. Isto limita a interpretação do comportamento da procura pela saúde (health-seeking behaviour) em Kerala no Geral.

A primeira parte da discussão foca na razão do desaparecimento do papel do Vaidya no cuidado com a saúde da comunidade. As descobertas desse estudo sugeriram que a própria Ayurvéda era frequentemente menos usada, embora tenha sido codificada. Ayurveda foi escolhida para algumas doenças específicas em que os membros da comunidade reconheciam que não eram totalmente curadas pela alopatia.  Respondendo as questões sobre as razões pelas quais eles não usavam o Vaidya e a baixa frequência do uso da Ayurveda, vários entrevistados insistiram que tais sistemas médicos requeriam modificações de estilo de vida de longo termo (por exemplo: dieta, atividade, e questões religiosas) consequentemente levava tempo para se alcançar a cura ou a remissão,  enquanto que o processo de restabelecimento era óbvio quando curado com tratamento biomédico. Eles acreditavam consequentemente que a alopatia curava mais rápido as suas doenças do que a Ayurveda.  Para os membros da comunidade local,  as enfermidades não eram conscientemente separadas das doenças, então quando as enfermidades desapareciam, as doenças pareciam desaparecer ao mesmo tempo.  As entrevistas abertas revelaram que a diferença entre os pacientes do Vaidya e dos membros locais é a consciência da diferença entre enfermidades e doenças. 

A causa da doença tem sido considerada um fator no comportamento pela procura de tratamento.  Por exemplo, estudos prévios sugeriram que a enfermidade causada por uma “etiologia de característica de área” (ex: feiticeiro necromante)  era tradicionalmente tratado por medicina étnica no geral.  Em outros casos, enfermidade com etiologia de característica de área ainda era tratada por medicina étnica,  nas outras enfermidades, tais como ferimento externo,  doenças severas, e doenças contagiosas, eram preferivelmente tratadas pela medicina moderna nos estágios primários de desenvolvimento. Neste lugar de estudo na Índia, a causa da enfermidade era na maioria das vezes reconhecida no contexto médico moderno, até mesmo pelos membros da comunidade local. 

Em relação ao tratamento pelo Vaidya, o custo é muito maior do que aquele do sistema médico codificado, incluindo os tradicionais; isso era parcialmente causado pelo fato de que a assistência financeira pública  está disponível para alopatia codificada, homeopatia, Ayurveda, e Siddha,  mas não para os sistemas médicos não-codificados.  Os membros da comunidade podiam consultar o serviços de saúde biomédicos livre de custos na vila. Os Vaidyas insistiam que eles nunca pediam doação aos pacientes economicamente pobres ou pagamento pelo tratamento ou remédio.  Os entrevistados da vila também concordaram que o Vaidya poderia não pedir o pagamento.  No entanto, nenhum paciente foi visto pedindo para o Vaidya para ser liberado do pagamento durante o tempo de estudo.  Este fato mostra que o custo do tratamento não é a razão pela qual os membros da comunidade evitava o Vaidya.

A próxima parte da discussão é sobre o papel do Vaidya hoje.  Um estudo prévio reportou que 51% dos médicos não codificados atendiam até cinco pacientes por semana, enquanto apenas 32% dos médicos profissionais tratavam mais do que 10 pacientes por semana. No entanto, o Vaidya neste estudo atendia de cinco a 10 pacientes por dia, sugerindo que um número relativamente grande de pacientes acreditava que o tratamento dele tinha um papel muito importante.  Os hindus frequentemente usavam o Vaidya para tratamentos que tinham sintomas severos a simples.  Pensa-se que o Vaidya era uma opção a ser usada quando a  alopatia ou outros tipos de sistema médico falhavam para curar as doenças e essa é a razão pela qual todos os casos muçulmanos e todos os casos severos dos hindus selecionavam o Vaidya como uma segunda ou terceira forma de tratamento.  No caso dos Hindus  com casos simples, o Vaidya era a primeira opção mais frequentemente usada.  É razoável assumir que os Hindus confiavam no Vaidya porque o título dele as vezes dava reconhecimento como seguidor Hindu,  não apenas como médico. É presumido que os Hindus reconheciam que o tratamento era efetivo para caso simples; no entanto, a alopatia é mais efetiva para tratar casos graves.  Presume-se que eles acreditam que as causas das doenças são separadas da etiologia espiritual/local. 

 Conclusão

 Este estudo focou no Vaidya  a fim de examinar o impacto da modernização médica em Kerala  tendo sido comparado o comportamento das pessoas na procura de tratamento das áreas urbanas até as áreas rurais.

 Este estudo revelou que os membros da comunidade não dependiam do Vaidya (que foi reconhecido como tendo um papel principal  no cuidado com a saúde básica da comunidade), mas as pessoas altamente educadas da cidade os procurava como um sistema médico alternativo e complementar. O papel do Vaidya em áreas rurais tinha mudado devido a modernização.

Estas descobertas eram interessantes porque enquanto o sistema médico indiano tem se tornado popular e comum em outras sociedades (Ex. Européia) como um sistema médico alternativo, tem se tornado menos importante no contexto da Índia. Os estudos prévios mostraram que os sistemas não-codificados estão para serem extintos.  As descobertas destes estudos sugerem que contextos sociais, tais como crenças religiosas, um aspecto do contexto social, afeta diretamente o comportamento de procura/tratamento  na sociedade moderna onde as etiologias ocidentais são bem conhecidas.

Conclui-se, consequentemente, que a prática médica muda dependendo do contexto cultural e social, apesar dos efeitos medicinais terem sido provados efetivos por pesquisa científica. Sistemas de saúde da comunidade tem que ser considerado em contextos múltiplos, incluindo social, econômico e  ambiental.

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